quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Babilônia 2000 - Eduardo Coutinho (2000)






Título no Brasil:  Babilônia 2000
Título Original:  Babilônia 2000
País de Origem:  Brasil
Gênero:  Documentário
Classificação etária: 12 anos
Tempo de Duração: 80 minutos
Ano de Lançamento:  1999
Direção:  Eduardo Coutinho





Na manhã do último dia de 1999, uma equipe de filmagens sobe o Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro. Lá existem duas favelas, Chapéu Mangueira e Babilônia, as únicas situadas na orla de Copacabana e cujos moradores podem acompanhar ao vivo o reveillon de Copacabana. Durante 12 horas, as câmeras da equipe de filmagens acompanham os preparativos locais para o reveillon, assim como ouve os moradores locais a fim de saber as expectativas deles para o ano 2000 e para que possam fazer um balanço de suas vidas.





Resenha: Mariana Siracusa (Turma 2008)



O documentário mostra o último dia do ano de 1999, na virada do milênio nas comunidades Chapéu Mangueira e Babilônia, acompanhando o último dia de alguns moradores e quais eram suas expectativas para o próximo ano. Essas duas favelas são as únicas de Copacabana onde acontece, na praia, a famosa queima de fogos na virada do ano e talvez esse tenha sido um dos motivos para a escolha dos locais.O diretor Eduardo Coutinho e sua equipe sobem o morro para retratar um fragmento da sociedade, a partir de um ponto de vista muito peculiar e característico do diretor. Pois ele acredita que as coisas devem ser mostradas como elas são ou como as pessoas que fazem, queiram que elas sejam. É comum no seus filmes, aparecerem coisas que seriam editadas como por exemplo microfone;imagens fora de foco; enquadramento mal feito e tudo mais que é considerado sujeita,mas que transmite uma realidade( no sentido de verdade, não editado) maior.

Para não entrar na discussão de realidade no cinema, a qual é muito complexa e nem é o meu objetivo aqui, falarei sobre o documentário em si. Ele dá uma visão diferente daquela que estamos acostumados a ver, pois essa visão de favela e morro dado no documentário é a visão dos moradores que sem querer, ao longo da entrevista, acabam entrando nesses assuntos como violência, religião, política e a própria visão de cinema , e gravação que as pessoas tem. Por exemplo, umas das entrevistadas pergunta se ela precisa se arrumar, se o filme vai passar nos EUA e quando o Coutinho responde que não ela pergunta afirmando( se isso for possível) se ele( o diretor) quer pobreza.Repare que ela e todos esses moradores entrevistados tem a exata noção da posição social que a sociedade os coloca e como ela lida de maneira tão natural com essa situação.Nessa cena isso fica evidente.

Outro aspecto notável é como o diretor consegue direcionar a conversa de uma maneira tão sutil, mas ao mesmo tempo sem manipular os fatos e as falas das pessoas, fazendo com que elas falam coisas do cotidiano e que são tratadas sem o menor sensacionalismo por parte do diretor. Isso pode até parecer tendencioso, mas como o documentário é linear, ou seja foi gravado e editado na ordem dos acontecimentos, não há maneira de agrupar ou de direcionar muito o olhar, mesmo todo o documentário sendo um ponto de vista.

Nos últimos momentos do filme, aparece à queima de fogos e tudo que o filme queria mostrar parece que estava ali, sendo sintetizado naquele momento: a simplicidade das pessoas, a ‘naturalidade’ diante das câmeras e diante de uma equipe que naquele momento passou a fazer parte da família das pessoas que estavam presentes. Na ultima cena, um senhor convida as pessoas para conhecerem a favela, para que haja uma maior interação entre asfalto e o morro.Isto nos revela como aquelas pessoas que moram na favela e que por vezes são padronizadas e até mesmo julgadas de maneira inconsciente e preconceituosa são pessoas comuns como eu e você que passam pelas mesmas dificuldades , sentem as mesmas alegrias e tristezas e que só querem um pouco mais de espaço numa sociedade excludente e preconceituosa.



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