“O homem olhou para o condenado e perguntou ao oficial:
O preso conhece sua sentença?
Não -disse o oficial- ele sentirá na própria pele”
As palavras de Franz Kafka não poderiam definir melhor o que viria a seguir no longa “Uma noite de 12 anos”,que retrata a história de três guerrilheiros Tupamaros durante a ditadura do Uruguai que durou de 1973 a 1985. Se eu pudesse definir o filme em uma palavra diria que: necessário e se fosse um sentimento seria agonia. Isso porque o filme é construído para os telespectadores se colocarem no lugar dos três prisioneiros e é dessa forma que ele consegue transmitir sua mensagem. Ele vai proporcionar um experiência sobre as diversas formas de violências que era sofrido durante o período ditatorial que iam muito além da física. Os eletrochoques, os insultos, a privação de contato humano, o racionamento de comida e água, a constante mudança de celas, a desumanização.
A escolha de três de nove dos guerrilheiros reféns do governo para serem retratados não foi aleatória. José Alberto Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro e Mauricio Rosencof são figuras importantes para a história tanto da ditadura uruguaia quanto para a democracia uruguaia. Sendo Mujica e Huidobro posteriormente políticos, presidente e ministro da Defesa respectivamente, e Rosencof que com a ajuda de Huidobro escreveu “Memorias del calabozo” livro que inspirou o filme.
Da mesma forma que o Uruguai sofreu um regime ditatorial, o Brasil em 1964 sofre um golpe de Estado onde se retira o democraticamente eleito presidente João Goulart e se institui um regime militar. As duas ditaduras possuem também em comum o seu motivo: uma ameaça comunista subversiva e perigosa que precisava ser impedida em nome da Pátria.
O filme não tem cunho partidário mas como em qualquer produção humana ele não será imparcial.No cenário político brasileiro onde o totalitarismo ganha cada vez mais força e as ditaduras são relativizadas, e tendo esses discursos endossados pelo Presidente da República, são filmes como esse que proporcionam uma reflexão sobre o motivo pelo qual se grita nunca mais.
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